domingo, 27 de novembro de 2016

BAIRRO O BAIRRO Depoimentos: (Eles) O país do nosso mundo, naquela época. Lugar tranquilo, apesar de ser centro da cidade, pouquíssimo trânsito de veículos, pouco movimento de pessoas (boa parte conhecíamos de vista e eram alvo de nossos nefastos comentários, apelidos e toda sorte de gozações). Estávamos perto de tudo e só andávamos a pé (evidentemente por falta de outra opção). Santo André, em relação a hoje, era uma cidade pequena e tinha sua identidade. Sentia-me meio “dono do nosso pedaço”. Quando saía daquela área me sentia em território estranho. A Vilinha (Vila Gabrilli); a casa do Gabrilli; o bar do Noca; as padarias Leão, Ideal e Matinal; os cinemas Carlos Gomes e Tangará; as escolas das Freiras, Estadual, Duque de Caxias, Santo André; o Posto ABC; o Fórum e a Delegacia; a abreugrafia dos Dr’s Gentil e Galvão; a loja de produtos ortopédicos do Vagner; a fábrica do Dal Pino e a fundição Girelli são lugares (a maioria não existe mais) gravados na memória. E a capital do bairro era a nossa esquina. *** Muito tranquilo, sem a correria de hoje. Em termos de segurança, os riscos eram tão pequenos que nem se pensava nisso. Ficávamos na rua até altas horas da noite e nunca houve qualquer ocorrência. Qualquer acontecimento mais grave imediatamente virava noticia e era, por muito tempo, alvo de comentários. Era também um ambiente mais saudável. Não havia poluição, a maioria das atividades, físicas ou não, eram ao ar livre. O bairro era centro de Santo André, o que significava o melhor lugar de morar, aliás, era a rua mais bonita da cidade, pelos menos no Centro. As ruas arborizadas, árvores imensas, faziam sombras na parte da tarde. Era residencial, não tinha comércio, o único era o bar. Do fim da rua Campos Salles de lá pra cá, você tinha o bar Cinco Esquina, o bar do Teixeira e ia até a Cel. Oliveira Lima, ou então até enfrente à Mesbla que apareceu tempos depois. Antes da Mesbla quem morava lá era o Marcelo Novita, na frente da casa tinha um jardim, a casa ficava bem em frente da igreja. Não lembro muito bem dessa figura. Não sei se era parente do Celsinho. Do outro lado da rua a casa do seu Chico [juiz de paz]. Atravessando a linha de passagem de trem o bairro Bangu. Vila São Pedro vizinho do Parque das Nações depois da linha. Você atravessava a linha, a gente chamava de morro vermelho. O Pedrão falava assim: - lá do morro vermelho a gente vê o pico, vê o pico do Jaraguá. E nós contestávamos o Pedrão. Juntamos uma turma pegamos um carro subimos no topo da Rua Antonio Cardoso era ali o morro vermelho em um dia legal de sol, o céu estava limpo, dava para avistar o pico. Se você falava que morava no Parque era foda, era tudo tido como...por isso morar no centro tinha uma importância de até certo ponto achar que era melhor que os outros, pra dizer a verdade sem hipocrisia nenhuma achávamos que éramos melhor. A biquinha era um marco da cidade, o seu fim foi outro crime, podiam ter deixado um contorno, era um marco da cidade. Atrás da linha de trem tinha cinco campos de futebol. Antes da linha tinha o Sardinha, jogava bola, passava a linha o trilho de trem. Era lá que tinha todos esses campos. Foi lá que o Carlão, quem foi que sumiu e não viu, tinha o riozinho que circundava o campo,...sumiu dentro do rio. *** . O nosso bairro era ali no centro, nossa Campos Salles... Nós pegamos o bairro, puta vida! Não vamos falar nem do bairro, só ali do cruzamento [ruas: Campos Salles e Cesário Mota], era um lugar no centro da cidade, ainda tranqüilo, só residências. A Rua Campos Salles era uma rua das mais gostosas de se morar em Santo André. Arborizada, com árvores que fechavam o céu. A Rua Cesário Mota não, sempre uma rua acanhada, estreita, o Erio morava na Cesário. A Rua do Dago tinha um inconveniente de descer o ônibus, apesar de ser relativamente larga. Era um cruzamento tranqüilo que permitia a gente jogar bola ali. Ficar batendo bola no cruzamento da esquina. A Campos Salles, muita árvore, larga, com calçadas boas. A casa do Ângelo Gabrilli era um marco, a Vila era um marco. Havia um bar ao lado do cinema, quando você entrava, tinha o balcão do lado esquerdo, e do lado direito, uma estante de vidro onde se guardava chocolate. Nessa estante, nesse armário, balas Sonksen de cevada em uma lata de forma oval, difícil de abrir, as balas eram grudadas umas nas outras. Era uma glória quando se podia ir lá e comprar uma latinha de bala. E no Cantamessa, depois da barbearia, quando ele teve o bar na praça Embaixador Pedro de Toledo, ao lado da Ducal. O Cantamessa tinha uma estante desse tipo..., só que vendia um chocolate quadradinho sem marca, ele era um tipo prestígio. Coco por dentro, coberto por chocolate e pulverizado em cima com um pouco de coco. Isso tudo me leva ao carrinho da Kibom, e ao doce Lingote, o chocolate Lingote, lembra? O chocolate que eu mais gostei. Vendia em cima do carrinho e depois surgiu o Kicoisa e o Kibamba. Que era grudento. Kicoisa, era do tipo de uma maria mole, mas não era tão duro como o Kibamba, grudava nos dentes. Para comemorar o quarto centenário de São Paulo, lançaram um sorvete tipo IV Centenário [cidade de São Paulo-1954], com o desenho do Niemeyer. Bolo e sorvete, que você comia de colherinha dentro do copinho, era vendido pelo sorveteiro da Kibom. A padaria do Seu Joaquim, onde se tinha o melhor doce e sorvete. São coisas que você não sabe se é fantasia ou mito. Mas que sorvete de coco queimado que ele tinha! Vai tomar banho... O Bartolli mudou de lugar, conhecemos três locais do Bartolli. O primeiro na Senador Flaquer do lado direito de quem vai para o largo, ali mesmo outro à esquerda. E outro na General Glicério com a Siqueira Campos. A mãe do Dago pedia muito para fazer compras no Bartolli. *** A biquinha porra. Quando faltava água nós iamos lá buscar. Era assim, brincavamos e iamos tomar água na biquinha. a mina vinha ali da casa do Dr. Goes *** Caixa d’água na vila Gabrilli ...nós subiamos lá em cima... Carlos Gomes, Tangará...Casa do Sergio, casa Tokio, local que a gente ia ver isqueiros. *** A loja ortopédica está lá até hoje... Lembra dos dedos nos vidros do seu Farias? Porra, lembro. Tinha até feto lá. Morro Vermelho, a gente ia lá. Tinha uma puta diferença da linha prá cá. Agente tinha até medo, pois tinha uma turma do Parque [ bairro Parque das Nações], que era fudida. Parque Erasmo Assunção. Ali era a chácara do Erasmo Assunção, onde hoje tem o clube Santo André. Ou cidade não sei o quê , que tem do lado de lá... Dava pra ver da janela de casa. Era um loteamento e tinha uma lagoa negra. Nós íamos nadar. Toda vez que o Pinga ia, com medo de chegar em casa e falar que foi nadar, ele jogava uma cueca fora, nadava de cueca e aí a Dona Morena pensava que a empregada é que estava roubando cuecas. Tinha dez cuecas, depois só tinha uma. *** Adiante desse campinho algo que era a selva Amazônica para nós, virava uma mata no final da rua Luiz Pinto Flaquer, não era nem mais esse nome. Ela mudava de nome, quando passava uma cerca de cimento era um mato, não muito alto, uma vez nos aventuramos (passado mais remoto do que o da foto), descobrimos um cara morto no meio do mato, cheio de bicho. Eu não vi, eu não tava nesse dia, uma parte da turma se aventurou, veio a policia. Itens informativos: Lugar tranquilo perto de tudo andávamos a pé dono do nosso pedaço território estranho. nossa esquina. Segurança ao ar livre bairro era centro melhor lugar de morar Era residencial morava no Parque era foda melhor que os outros Arborizada, com árvores que fechavam o céu linha de passagem de trem uma glória quando se podia ir lá e comprar uma latinha de bala. A padaria do Seu Joaquim tomar água na biquinha ver isqueiros uma lagoa negra Adiante desse campinho algo que era a selva Amazônica para nós (Elas) Eu morava na rua Antonio Cardoso Franco, no fim, da Campos Sales, que era ali de frente pra Travessa Pirituba. Então havia as 5 esquinas e a Pirituba, que dava de frente pra minha casa. O bairro era muito tranqüilo. Olha, a visão que eu tinha da Campos Sales. Eu amava aquela rua, a Campos Sales. Achava uma rua linda, cheia de árvores, tranqüila, tinha umas casas bonitas, na época. Eram simpáticas. Nossa!, Mas eu gostava muito da Campos Sales. Pra mim, aquele pedaço ali era o pedaço mais bonito de Santo André, achava lindo. E minhas amigas moravam ali, a Maria Helena morava ali, a Maria Célia morava ali, tinha uma outra que mudou pra Santos, não sei se você recorda, ela tinha um cabelo curtinho assim? Chamava Marisa, ela morou ali pouco tempo, ela era bem alta, magrinha e ela morou ali acho que uns três anos e, depois ela mudou pra Santos. Aí, eu nunca mais soube dela. Prá mim, eu adorava. Quem morava do outro lado da linha já: “ah, mas fulano mora lá do outro lado da linha!!”. Nossa, tinha, isso era muito acentuado, bem acentuado. Porque, por exemplo, se tinha um carinha que uma das meninas tava interessada, a outra chegava “mas olha, ele mora do outro lado da linha” pronto, você vê, pra não ir longe, até mesmo a Márcia que casou com o Tonico. A gente falava “ah mas ela mora do outro lado da linha”, eu lembro até hoje que a Regina falava assim “ah, mas é logo ali, pertinho, não é lá pra baixo, é logo ali” como quem diz , “ela não é lá daquelas quebradas” entendeu?, mas era um preconceito. *** Eu morava, eu mudei pra cá, foi assim: o meu avô construiu essa casa ai para os meus pais, pois a gente morava no fundo da selaria e lá aconteceu um acidente muito grave com um menino. Então meu avo construiu essa casa para mim. Morei uma boa época nessa casa, só que eu dormia aqui na casa de cima. Tinha uma passagem por trás, e como meu pai não deixava sair muito, eu dormia aqui na casa da minha avó. E saia com o Salim e o Cláudio. Cláudio era meu tio você lembra-se dele? Linha de trem não ia pro lado de lá de jeito nenhum. Aonde eu ia bastante era na Vila Gabrili [vozes altas] ali tinha a Nazareth, tinha a Lenita né? Que eram duas amigonas, ai eu podia ir. *** Prá mim aquele bairro era, e é ainda parte do meu coração. Não era só a casa onde eu morava, era principalmente a Vila, a história da Vila, que meu avô construiu ali e foi crescendo todo mundo. Ali em volta, todo mundo conhecido, amigo. A minha avó tinha as conhecidas: a Dona Dina que cantava ópera; lembra da Dona Dina? (ela dava aula de canto orfeônico) A Dona Dina morava, lembra onde morava o Celsinho? onde depois foi morar a Marlise Jorge. Do lado, tinha a Dona Dina (uma casa cinzenta, no pequeno terraço tinha uma janela em forma de circulo) e eu tinha medo, porque às vezes eu ia prá casa da Marlise e saia da casa dela umas 7h da noite, escuro, e eu tinha que passar em frente à casa da Dona Dina pra ir pra minha casa e ela ficava cantando ópera, dando aqueles agudos (escala musical) dela e eu morria de medo porque ficava tudo escuro. Eu passava correndo por ali, ela era amiga da minha avó, então tinha todo um apego por ali, não era simplesmente morar ali (voz pausada), tinha alguma coisa a mais do que isso...Uma história, principalmente pra mim ali que tinha família, tinha cinema, então tudo girava em torno de nós, da esquina, do barzinho, do baile, da Vila... *** Olha, eu lembro que a gente pegava o trem pra ir pra São Paulo, isso eu lembro, mas eu me lembro pouco da linha de trem, meu deus do céu, lembro muito pouco, que saudade, ainda tem trem aqui? *** A banda de cá, com a banda de lá. A gente sempre falava que Santo André era dividido pra cá da linha e pra lá da linha de trem. Pra lá, o pessoal não era muito bem visto não, até hoje né. Você vai lá no Plaza (Shopping) e fala iii... Lá era feio, o Parque das Nações era feio. Todo mundo falava que lá só tinha mau elemento e roubo. Era tudo pra banda de lá. Até teve uma vez que eu tive um namorado da banda de lá...Falavam pra mim “você é louca, fica com o rapaz da banda de lá, você vai vê qualquer hora”, e tinha esse preconceito mesmo. No salão do cabeleireiro Adolfo, eu ouvia isso. *** Quanta coisa boa. Tinha a igreja do Carmo que a gente sempre ia. Era onde a gente vivia. Eu tenho saudades da Vila Gabrilli e se eu pudesse voltar prá lá, eu voltaria. Hoje fecharam os portões. Quando não tinha portão e era tranqüilo. Você largava a porta aberta. Ninguém fechava a porta da rua. Os vasos, os buxinhos que a gente punha fogo. Nós procurávamos parar o carro, todos de um mesmo lado, aí tinha o FP que parava do outro, trancava tudo. Ele chegava com aqueles carros enormes. Deixava bem no meio. Lembro que o tanque (lavar roupa) da casa dela era menor que o tanque da nossa casa que era um tanque grande e de cimento. *** Naquele tempo era tranqüilo, não tinha esse movimento de agora. muito tranqüilo rua linda, cheia de árvores fulano mora lá do outro lado da linha!!”. ela não é lá daquelas quebradas” entendeu?, mas era um preconceito Não ia pro lado de lá de jeito nenhum o pessoal não era muito bem visto Lá era feio preconceito mesmo não tinha portão e era tranqüilo. Você largava a porta aberta tranqüilo, não tinha esse movimento de agora.

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

sábado, 28 de dezembro de 2013

música


MÚSICA


Esquina 65. A partir da visualização de uma foto tirada em 1965, cada um dos fotografados comentou sobre diversos assuntos, um dos quais à música daquele momento. (texto extraído da coletânea “Esquina 65”).

 

 “Help”, com os Beatles, é do ano de 1965.

O Corinthians perdeu para o Santos de 4 a 3.

Época da “ditadura envergonhada”. Guerra do Vietnã.

Ouvia-se no rádio, ao mesmo tempo: “Sentimental” com Altemar Dutra e “Pedro Pedreiro” com Chico Buarque.

Bossa Nova X Jovem Guarda: “Samba de Verão” X “Quero que tudo mais vá para o inferno”.

Como imaginar a partir de uma foto um passado através de vários presentes?

O retrato é de 1965 (fotografia em branco e preto). Foto posada.

Jovens.

Se fosse falar em classe social: média com suas nuâncias.

 


 


Músicas do ano:


Os discos mais vendidos

 

Revista Intervalo, de 04 à 09 de julho de 1965

 

Compactos simples                                               Compactos Simples

1.    Jovem Guarda - Roberto Carlos           1. Day Tripper - The Beatles

2.    Altemar Dutra                                               2. A volta - Vips

3.  The Beatles                                          3. Yesterday - Matt Monro

4.  The Rolling Stone                                 4. Juanita Banana- The Peels   

5.  San Remo – vários                               5. Quero que vá tudo para o

                                                               inferno

 

Outras músicas do ano:

 

“Arrastão”                                                                

“Samba da Bênção”                                                 

“Carcará”                                                                  

“Das Rosas”                                                             

“Minha Namorada” - Os Cariocas                           

“O Neguinho e a Senhorita” - Noite Ilustrada                                            

“Pau de Arara”                                                                                                        

“Pedro Pedreiro”                                                      

“Preciso Aprender a Ser Só”                                    

“Quero que vá tudo para o inferno”                         

“Samba de Verão”                                                   

“Trem das onze” - Demônios da Garoa                   

“Acender as Velas”

“Festa de Arromba”

“Festa do Bolinha”

“Gatinha Manhosa”

“Gatinha Moderna” a da calça Lee

“Joga a chave, meu amor”

“Malvadeza Durão”

“Mascarada”

“Mexericos da Candinha”

“Não quero ver você triste”

“Parei Olhei”

"Pequena Marcha para um grande amor"

“Primavera”

“Reza”

“Sentimental Demais”  - Altemar Dutra

“Terra de Ninguém”

“Upa Neguinho na Estrada” - Elis Regina

“Vinícuius e Caymi no Zum Zum”

“Amore Scusami”

“A casa de Irene”

“Eigth Days a Week”

“A Hard  Days Nigth”

“Help!”

“Io che non vivo senza te”

“Ma vie”  

“Que cest Triste Venise” – Aznavour.

“Red Roses for a Blue  Lady”  - (trilha sonora de "Vício Maldito" Jack Lemmon)

“Sabor a mi”

“Se piangi se ridi”

(“A canção no tempo”: 85  anos de músicas brasileiras”, vol.2:1958-1985/Jairo Severiano e Zuza de Melo- Editora 34.1998-SP.)

 

“Zorba o grego” - (trilha sonora) Anthony Quinn

“Unforgetbble” - Nat King Cole. Música muito tocada. Ano de sua morte.

“Stop! In the name of love” - Diana Ross e Supremes

Beatles

Rolling Stones

Bob Dylan

Rolling Stones com (I Cant't Get No) Satisfaction

 

 

 

 

19 de maio. Quarta-feira. 1965: estréia o Fino da Bossa. TV Record. Apresentado por Elis Regina e Jair Rodrigues.

 

16 de agosto. Segunda-feira. 1965:

 

"Estréia show da juventude”. Roberto Carlos, um dos cantores da juventude de maior sucesso, vai comandar a partir de setembro, no teatro Record, um novo musical intitulado Jovem Guarda, cujo mandamento primeiro é tocar as músicas da juventude atual, muito rock e twist e hully-gully.

 

Os Yarbirds, grupo de rock inglês, substitui seu guitarrista. Sai Eric Clapton e entra Jeff Beck. Um ano depois, quando Beck formou seu grupo com Rod Stewart nos vocais, os Yarbirds teriam Jimme Page, que formaria o Led Zeppelin.

Bob Dylan aparece pela primeira vez nas paradas de pop music. Subterramean Homesick Blues.

 

Os Rolling Stones com ( I Cant't Get No) Satisfaction.

23 de julho. O LP “Help”, dos Beatles, é lançado na Inglaterra. O mundo vivia a beatlemania.

(News Seller o jornal).

 

Eventos:

01/10/65. Realizado no Cine Santo André o espetáculo musical Linha de Frente, com música brasileira e a presença, entre outros, do Jongo Trio.

 

Cine Tangará...

Show. Bossa Nova.

No saguão, poltrona circular, sala de espera.

Toilette, bomboniére.

Claudete Soares (1 metro de altura).

Grande atração Elis Regina.

Drops de uísque.

Abertura Zimbo Trio. Garota de Ipanema.

Ary Toledo cantando ....

Elis se apresenta no final, totalmente bêbada.

 

"Jornal Brasiliense. Agosto de 1965. O jornal divulgava as notícias do Instituto Américo Brasiliense e tinha como editores os professores Clestenes de Oliveira e Carlos Galante. Segue a notícia destacada pelo professor Galante: In Extasis - Aproveitando o facultativo do dia 19, os alunos Michel Wagapoff e Michel Ivanov organizaram um show de poesia e música com esse sugestivo título. A parte poética esteve a cargo de (sic) LIBERDADE, e de Eduardo Santos Lima e Michel Ivanov, que interpretaram versos de Olavo Bilac, Manuel Bandeira e Camões. Da parte musical encarregou-se o conjunto Os Bossa Quatro, composto de Arnaldo (contrabaixo), Maurício (flauta), Vitinho (bateria), Rogério (violão) e Clóvis (piano). Como crooner funcionou o Paulo do curso noturno. A apresentação dos números esteve a cargo de Diva F. Aquino e a renda reverteu em benefício da comissão da  formatura do clássico." (News Seller o jornal).

 

 

Escola Duque de Caxias.

Diretor: Professor LA PATE.

De sala, em sala, apresentava uma foto dos Beatles. Beatles os cabeludos, coisa que veio da Inglaterra mau exemplo. Cab4elos...

Foto: SALTANDO NO AR SOBRE PEDREGULHOS.

 

Trechos dos depoimentos:


 

(ELES)

 

Eu ia falar dos Beatles também. Outro dia estava ouvindo rádio, de repente esbarrei numa música, PQP!, me deu uma vontade de chorar.

 

 

Beatles, Juca Chaves, Ray Coniff, Bossa Nova, Jovem Guarda, Nat King Cole, Italianas

(Pepino Di Capri, Sergio Endrigo, Pino Donagio, Nico Fidenco e outros).

 

 

Samba 707, não sei se era da época, a gente ouvia alí na sua varanda. Era um LP, vinil. Aqui é o seguinte; Rádio Eldorado. Música era na Rádio Eldorado.....o Barquinho, Edu Lobo....música era isso aí.

 

 

Trini Lopes. Naquela época imperavam os Beatles. O Sabiá (irmão do Eraldo) que era extravagante...outro dia eu lembrei prá êle, agora não estou lembrado. Tinha um disco com um cara que tocava piston...

Porra, só tocava isso. Só ele fazia este gosto avançado. Até hoje ele é enjoado, cheio de trik tricks. Ele disse que fazia o mesmo som com o nariz ( risadas).

Tinha o Ray Charles, o Ray Conniff, Bob Dylan. Nessa época tinha muita orquestra. Tinha muito metal, era tudo puxado pelos EUA. Eram eles que mandavam.

 

 

Beatles, a gente gostava prá cacete. A foto tem cara deles, até o modo de vestir. Influência direta.

 

 

A gente ficava nessa esquina meio perdido, queria coisa maior. A gente ficava lá xingando, terra de merda, terra de merda puta...Sexta à noite com essa idade, sabadão, duros, crianças, o único carro disponível era esse[foto], ninguém tinha carro porra, só os dos pais. Aí então dava... a gente queria crescer, daí a origem da minha melancolia. Não quero fantasiar, os Domingos a tarde eram terríveis. De repente sumia todo mundo, iam assistir Jovem Guarda. Imagine em Santo André que coisa mais monótona.

O que eu quero transmitir é a emoção do momento que está junto com as fotos. Não adianta, a música não precisava ser “Arrastão”, tão bonita, poderia ser qualquer outra, o que importa é a misturação do momento. Todo dia é um perfume sonoro... é isso que girava na época. Noel Rosa, Dorival Caymmi "E das "Rosas"".

Inclusive as músicas de nossa época, era a melhor que o Brasil produziu até hoje. Todos foram formados, todos. O Eraldo que era mais criança, talvez não tivesse conhecido um Sergio Ricardo direito. Nem o Pinga com aquele nervosismo embutido. É uma riqueza e uma sorte termos nascido nessa geração. Lembra rádio: a radio Eldorado AM, parada de sucessos em 1º lugar... Você viu uma parada de sucessos desse nível. AM né, não existia FM. Beatles conhecemos tudo em AM, tocava nos radinhos vagabundos desses carros.

[tom de voz modificado/agressiva). Não tinha nem cinto de segurança (risos).

Juca Chaves, Carlos Lyra, Geraldo Vandré, e nossa intuição.

 

Eu lembro de passeatas na Oliveira Lima ...eu vou falar só de mim, mas não era só eu que falava isso. Ali na padaria Central bem na virada do largo da Estátua, vinha aquela passeata, estudantes engajados, o caralho, e aquilo me dava uma preguiça gigantesca. Eu ouvi alguém falar assim: porra esses caras estão falando contra o imperialismo norte americano e todo mundo usando calça Lee! Eu gostei disso por que me livrava de ter que me envolver com essa merda. Eu ficava na música, no espírito, sabia tudo que estava acontecendo, tudo, tudo, mas eu era esse cara da baqueta. Preferia ouvir o Geraldo Vandré, mas eu não ia na passeata por que usavam calça Lee. Vagabundos, poderíamos ter feito coisa melhor. Mas também não ia dar em porra nenhuma ( hun!hun!hun!).

 

Eu estava presente, não era um inconsciente, nenhum de nós era, nenhum! Era impossível não ser. Impossível não ser. Nós ouvíamos música, ás vezes eu fui descobrir depois o sentido delas, por exemplo “Acender as Velas” (cantando), ouvíamos as melhores músicas que esse país já produziu, músicas engajadíssimas. ...Chico Buarque. O Chico quando surgiu era suave. A gente já vinha seguindo de perto a música com o Geraldo Vandré. “Que sol quente que tristeza” (cantando).

 

 

 Imaginando que era um Domingo. A música que eu odiava era a da "Jovem Guarda". Prá mim era a música italiana, Gino Paoli, Charles Asnavour da França, isso prá falar de estrangeiras. Os americanos, puta aquele monte.

Gianni Morandi, Beatles, uma coisa assombrosa não há música dos Beatles que eu não conheça. Geraldo Vandré, Edu Lobo olha que mistura, Wilson Simonal no 1º e 2º disco — lindo... Juca Chaves, Moacyr Franco. Eu fui o único da turma que teve coragem de assumir que gostava do Moacyr, junto com o Pergola que é o mais romântico de todos. O Pergola tem até hoje discos do Moacyr Franco. Quer saber tem músicas naqueles discos que eram do Braguinha, João de Barros, Rosas e Andorinhas, eu canto até hoje em festas. “Oh! Minha rosa andorinha” (cantarolando). É a música do mesmo autor das Pastorinhas.

 

Então é uma misturança de música, então agora, Roy Orbson, Paul Anka, Neil Sedaka, meu Deus! Marcos Vale estava começando, quanta coisa.

Quer que eu seja exato nesse momento, 1965. Não consigo. O auge da música italiana, Sergio Endrigo, puta que riqueza de material.

 

A primeira vez que ouvimos Yesterday foi com Mat Monroe gravado em um compacto simples. Todos nós aqui, pelo menos em Santo André, ou na nossa turma, nesse universo, a primeira vez que ouvimos Yesterday de Lenonn e Macartney foi com o Sr. Mat Monroe. A Nancy viajou para o Paraguai com a família e lá comprou um disco chamado Help-Paraguaio. O Help que havia sido lançado aqui era diferente, lá tinha Yesterday. Lembro que quando ela voltou, me telefonou e disse: Celsinho eu ouvi Yesterday com os Beatles. Ela já conhecia  por causa do Mat Monroe. Disse: estou ouvindo com o Macartney, parece que eu estou com você a meu lado..., imagine como as meninas se derretiam, ele gravou esse disco [Mat Monroe] e nunca mais se ouviu falar. Vamos ligar prá esse cara, ele vai ter um ataque de alegria.

A música “Eu quero que vá tudo para o inferno” era tocada nos salões de carnaval, foi cantada como marcha de carnaval, um puta sucesso. Cantada pelo Roberto Carlos é muito gostosa. A música é como perfume que transporta, na época eu odiava o Roberto, eu tinha essa carga...como vocês todos, foi um bom cantor, eu cantava isso no baile de carnaval do Panelinha.

 

Da Mangueira, isso ainda gosto, da bateria da Mangueira e só. Não posso ver nem confete, serpentina, é um pé no saco. Mas eu gosto da Mangueira pela batucada, só. Pra mim só precisava ter isso e mais nada.

 

Eu queria falar sobre música, "atenção estou respondendo", mané, porque a música prá mim nunca foi só um prazer auditivo, é como um perfume da vida, você gostando ou não. Quando se fala... O que fica da música prá mim é o ambiente, é como o clima, o Malboro, a Vodka, não é só música.

 

 

“Tema de Lara” [Sapo cantarolando], o que me lembra daquele filme, é aquela cena quando enterram a mãe dele. O menino olha para o céu e chora. Cena bonita. Ele vai ao enterro o menininho... Começa dar aquela mudança. Tempestade, olhar infantil. Isso, marca o filme Dr. Jivago. Aliás um filme de merda! Essa cena foi forte.

 

 

Teve um bailinho em que foi o aniversário do Eraldo ou Enderson, eu não sei. Na época o sucesso era Dean Martin cantando Somebody Loves You (os dois cantando). Fantástico o Dean Martin, eu não lembro de uma passagem específica.

Aproveitando para falar do Aramaçã, os barcos, a piscina que era ali do lado, lembro de um dado musical, eu lembro de estar indo para o vestiário que era à esquerda de quem entrava. A gente entrava no Aramaçã, passava beirando pela piscina e à esquerda ia ao vestiário e depois voltava tudo e ia pro lago. Nesse caminho fui ouvindo o Wilson Simonal, em seu primeiro LP que era o “Balança tudo prá andar” (cantando), chamava-se “Wilson Simonal uma nova dimensão do Samba”, assim se chamava esse LP, tocava a música “Rapaz de bem”. Eu lembro de estar ouvindo isso no rádio, isso seriam os meus primeiros contatos com ele, mas ele cairia em desgraça para mim num show de televisão, naquele programa do Simonal, que o  Ronaldo veio me dizendo que ele havia entortado o Lúcio Alves cantando “Teresa da Praia”.

“Teresa da Praia”. Então vamos à Teresa da praia deixar... do sol. Teresa da praia... [cantando]. O Simonal fez todos aqueles efeitos dele.

Uma entortada (falando com ênfase) como se fosse um jogador de futebol, isso prá mim marca o fim do Simonal como representante daquela...

A gente era muito hermético né Sidão? Esse foi um dos grandes defeitos em música, hermético demais, pouco tolerantes mesmo com gente boa, não se tolerava... entende? Esse é um problema que depois foi para a política.

O Wilson Simonal já tinha uma  forma de cantar samba diferente, ele tinha um puta balanço, uma bossa...

Os dois primeiros LPs eram suportáveis, aí exagerou começou a malandragem, a florear, ele era um contratado da Odeon,  “A Nova dimensão do Samba” é da Odeon.

 

Tô falando dessa visão hermética na música, essa visão hermética da música negócio da Bossa Nova, a gente era intransigente. Não aceitava o Wilson Simonal de volta, entende? Se alguém exagerasse num trejeito a mais, cortava fora, e isso acabou  passando-se para outras coisas.

E não dava prá aceitar, não se aceitava inclusive uma... Apesar de se dizer que a Bossa Nova tem tudo a ver com o jazz, com sua origem no jazz, com batida semelhante, se algum cantor brasileiro fizesse como o Wilson Simonal: “então ora... vamos zimbora”, era criticado por ser americanizado.

O Dick Farney prá nós uma figura que até gostávamos, americanizado, isso tudo levava à literatura. A gente era pobre em literatura

 

 

Era comum a realização de paródias [I1] musicais:

 

Uma foi feita para o pai do Pergola pelo Sapo: Tinha duas partes.

 

 “Era azul marinho. O terno do meu amiguinho, no batizado eu abafei. Com o meu terno...” agora eu não lembro.

Tinha o terno azul marinho, tinha “brim coringa” [sapo e dago] (risadas).

O Salim sabe mais isso daí (risos).

Com o sotaque do pai do Pergóla.

Era aquela música americana.

 “Blue Velvet”.

 “Era azul marinho. O terno que eu mandei fazer”.

E a música que nós fizemos pro Sidão [paródia de “Gente Humilde”-1970].

 “quando anoitece o Sidão da Vila desce, e se dirige para a esquina onde há um bar. A Dona Tosca gentilmente prepara um pastelzinho, e uma Brahma bem gelada prá agradar. Aí o Teixeira lhe dá um sorriso bem contente, cuja boca não há dente em nenhum lugar”.

 mas eu sabia diferente...”e o Teixeira dá um sorriso bem contente”...

 

E é mais ou menos nessa época que começa a Bossa Nova[I2] , chegando no seu auge. E aí as identidades musicais, eu, você, Celsinho, o Dago, o Sabugo um pouco, pessoas que ficaram... O Sabugo pelo amor de Deus.

 Sabugo muito com Pery Ribeiro. Tinha também a onda da música italiana.

 Que é simultânea.

 

Nesse caminho fui ouvindo o Wilson Simonal, em seu primeiro LP que era o “Balança tudo prá andar” (cantando), chamava-se “Wilson Simonal uma nova dimensão do Samba”, assim se chamava esse LP, tocava a música “Rapaz de bem”. Eu lembro de estar ouvindo isso no rádio, isso seriam os meus primeiros contatos com ele, mas ele cairia em desgraça para mim num show de televisão, naquele programa do Simonal, que o  Ronaldo veio me dizendo que ele havia entortado o Lúcio Alves cantando “Teresa da Praia”.

“Teresa da Praia”. Então vamos à Teresa da praia deixar... do sol. Teresa da praia... [cantando]. O Simonal fez todos aqueles efeitos dele.

Uma entortada (falando com ênfase) como se fosse um jogador de futebol, isso prá mim marca o fim do Simonal como representante daquela...

A gente era muito hermético né Sidão? Esse foi um dos grandes defeitos em música, hermético demais, pouco tolerantes [I3] mesmo com gente boa, não se tolerava... entende? Esse é um problema que depois foi para a política[I4] .

O Wilson Simonal já tinha uma  forma de cantar samba diferente, ele tinha um puta balanço, uma bossa...

Os dois primeiros LPs eram suportáveis, aí exagerou começou a malandragem, a florear, ele era um contratado da Odeon,  “A Nova dimensão do Samba” é da Odeon.

 

 

Tô falando dessa visão hermética na música, essa visão hermética da música negócio da Bossa Nova, a gente era  intransigente. Não aceitava o Wilson Simonal de volta, entende? Se alguém exagerasse num trejeito a mais, cortava fora, e isso acabou  passando-se para outras coisas.

 E não dava prá aceitar, não se aceitava inclusive uma... Apesar de se dizer que a Bossa Nova tem tudo a ver com o jazz, com sua origem no jazz, com batida semelhante, se algum cantor brasileiro fizesse como o Wilson Simonal: “então ora... vamos zimbora”, era criticado por ser americanizado[I5] .

Gostaria de saber se nesses depoimentos, você tem alguma coisa do episódio do envolvimento do Pinga com a Carcará.

 

Ah! Robertinho e Carcará! (cantando), [paródia de “Terra de Ninguém”].

Fizemos a letra. Já esquecemos muita coisa..., era uma musica do Marcos e Sergio Valle.

 Um dia vai chegar (cantando).

Ah! mas um dia vai de chegar! (cantando). A  Ellis Regina berrava.

Que a turma vai saber (cantando).

Não se mete sem casar (cantando em uníssimo).

O Robertinho, perdido se fudeu.

Quis comer a Carcará... (risadas). Carcará, e agora com ela vai casar.

Aah! É Robertinho e Carcará (cantando em duo).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

(Elas)


 

Você falou de música, agora me veio uma música que sempre tocava nos bailinhos[I6] , que era...eu amava, até hoje eu ouço, que era: “O Capito que ti amo”lembra?

Isso foi uma marca mesmo. Nós adorávamos música italiana, era musica romântica, e como tímida eu era romântica.[barulho infernal no bar]

A Ângela, se lembra dela? Lembra da Suely?

 

Eu, a Nazareth, Ângela, e Suely éramos os quatros Beatles; na época cortamos os cabelos iguaizinhos o deles, lembra do corte tigela? Aí ensaiávamos, a nossa banda ia naquela garagem que ficava nos fundos da casa do Pinga [ Roberto Luiz Moreira],  a Dona Morena mãe dele era muito minha amiga, eu era uma menina muito querida.

A casa de minha mãe vivia cheia. As festas iam até as tantas, até de manhã se fosse o caso. Tocava numa vitrolinha[I7] : “Dio como te amo” (cantando).”Dio Como ti amo”. Era uma delícia. (risos).

***

 

Roberto Carlos...

 “Jovem Guarda[I8] ” era demais.

 “Quero que tudo vá para o inferno”, foi uma das musicas que mais marcou. Chico Buarque de Holanda com a “Banda” (voz alta), “Disparada” do Geraldo Vandré.

 Eram os festivais que tinham...

 Nossa cada musica linda que tinha.

 Ai vinha os Beatles.

 Eu amava os Bee Gees, era o que eu mais gostava, até mais que dos Beatles. Me lembro das músicas italianas, Nico Fidenco, Sergio Endrigo, Pepino di Capri e também do Jhony Mathis.

 Época boa. Meu filho fala assim: naquele tempo música... Eu falo são eternas, foi uma época única. Porque eu não vejo assim atualmente entre os novos cantores e compositores.

 Não surgiu nada no Brasil e nem lá fora.

 É muito barulho, não tem mais aquela... Não tem mais romantismo, e também aquele lado social, político [I9] né? Eram músicas inteligentes.

 

 Tinha o Tom Jobin, o Carlinhos Lira, nossa era muito bonita, Caetano Veloso (ênfase), Gilberto Gil uma turma.

 Edu Lobo.

 Nossa lembra dos festivais, c[I10] omo aqueles nunca mais. Qualidade de música também não teve (barulho da xícara com café).

***

Sergio Endrigo.

 Ray Coniff. “Os sete homens de ouro”.

 “Metais em Brasa” (turunrunrun) você entrava na casa dela, tinha twist.

 Coisas modernas que começavam a chegar: o twist o hully gully.

 

 Eu  escutava muito as músicas que vocês ouviam. Era a Nara Leão.

Você tinha uns do Juca Chaves, era bolachão, LPs de Bossa Nova.

 Tinha muita musica italiana. A gente ouvia muito na casa da Tuta, talvez os discos fossem do Mandinho

 Sergio Endrigo. Nico Fidenco.

 Sabe o que eu lembro: não sei se é fato ou se é boato. Naquela época, se passava muito trote de telefone.

Eu lembro do Sabugo, passando um trote para [I11] a radio...pedindo para ouvir o Barquinho com Pery Ribeiro. Porque era assim, fora do ar, quando você ligava, o cara da radio falava: tenho ou não tenho. Quando não tinha: você escolhe outra. Quando entrava no ar, a partir do combinado: que musica você vai escolher, a gente falava nas já combinadas antes.

Ai eu lembro dessa historia, que ele ligou para a radio ABC ou Santo André, sei lá.

O cara atendeu. Fora do ar ele disse que queria escutar o barquinho com o Pery Ribeiro. Ai o cara falou que tinha a gravação com o João Gilberto.

No ar repetiu a pergunta que musica você quer ouvir? O Sabugo disse: o “Barquinho” com o Pery Ribeiro (risadas).

 

 Nico Fidenco, Roberto Carlos. “Calhambeque”, “O Gato”.

 Roberto Carlos.

 Nossa! Domingo era o Roberto Carlos.

***

Nossa,Roberto Carlos. A gente tinha já uns 13 anos, quando começou a Jovem Guarda, uns 12, 13 anos quando começou a Jovem Guarda. Antes nos bailinhos era Ray Connif, depois Rita Pavone, musicas Italianas, depois foi que entrou o Roberto Carlos com a Jovem Guarda.Era domingo? Vamos ouvir Roberto Carlos, eu assistia na minha casa.

Nos bailes a gente dançava com orquestras, isso me deixou muitas saudades, os bailes de orquestras. Aí começaram a entrar os conjuntos eletrônicos. Aí começa  o Hully [I12] Gully, o Rock, o Twist.

 

 

 

 

 

Falar de música:.

 Envolve todo o cotidiano dessa turma.

Rádio de pilha.

Rádio dos carros.

Vitrolas em casas.

Cantorias individuais. Memorização. Política. Resistência etc.

.

O gosto musical não era unânime.

Os LPs.

Ouvia-se muito rádio, principalmente nos rádios dos  carros.

Jovem Guarda: Odiada e amada

As paródias surgiam

Bossa nova

Não se ouvia na rádio eldorado roberto carlos

Contra alienação

Para dançar

Beatles

Vitrola

Movimentos musicais

Dimensão politica

Festivais embalavam

ritmos

 

EXISTE RASOÁVEL LITERATURA.

 

Dançar.

PS: era isso que girava para esse grupo de adolescentes. Rádio era na faixa AM, FM só se ouvia na rádio Eldorado São Paulo, e a programação era feita com músicas clássicas, ligeiras ou suaves, eram músicas de meio ambiente, tocadas em empresas e bancos. Poucas pessoas possuíam um aparelho de som que permitisse ouvi-las.

A rádio Eldorado AM transmitia o “turfe”; “Piano ao cair da tarde”, na sua programação normal intercalava: uma música popular brasileira (bossa nova), uma americana e uma italiana ou francesa. Dá vontade de ouvir: “Chega de saudades”, seguida de “Yesterday”, “Roberta” e “Et Maintenant”, depois um Tamba Trio ou Cariocas. Capitulou, era resistente, quando tocou um Roberto Carlos. Nem a Ellis com Jair Rodrigues era permitido.

Nara Leão trazendo o samba do Morro. Carlos Lyra que “unia o pensamento e a ação”. João Gilberto que amansou o samba na varanda da casa do Cheu. As modinhas do Juca Chaves. Os festivais com Caetano, a fina estampa que acabou de enterrar a bossa nova naquela década.

 

Sidnei (sidão) sauerbronn.

Borandá!

 

 


 [I1]As paródias surgiam.
 [I2]Bossa nova
 [I3]Não se ouvia na rádio eldorado roberto carlos
 [I4]A música tinha elo politico, resistencvia
 [I5]Contr a alienação
 [I6]Para dançar
 [I7]vitrola
 [I8]movimentos musicais
 [I9]dimensão politica
 [I10]festivais embalvam
 [I11]trotes
 [I12]ritimos