segunda-feira, 30 de dezembro de 2013
sábado, 28 de dezembro de 2013
música
MÚSICA
Esquina 65. A partir da visualização de
uma foto tirada em 1965, cada um dos fotografados comentou sobre diversos
assuntos, um dos quais à música daquele
momento. (texto extraído da coletânea “Esquina 65”).
“Help”, com os Beatles, é do ano de 1965.
O
Corinthians perdeu para o Santos de 4 a 3.
Época
da “ditadura envergonhada”. Guerra do Vietnã.
Ouvia-se
no rádio, ao mesmo tempo: “Sentimental” com Altemar Dutra e “Pedro Pedreiro”
com Chico Buarque.
Bossa
Nova X Jovem Guarda: “Samba de Verão” X “Quero que tudo mais vá para o
inferno”.
Como
imaginar a partir de uma foto um passado através de vários presentes?
O
retrato é de 1965 (fotografia em branco e preto). Foto posada.
Jovens.
Se
fosse falar em classe social: média com suas nuâncias.
Músicas do ano:
Os discos mais
vendidos
Revista Intervalo, de 04 à 09 de
julho de 1965
Compactos simples Compactos Simples
1. Jovem Guarda - Roberto Carlos
1. Day Tripper
- The Beatles
2.
Altemar Dutra 2. A volta - Vips
3. The Beatles 3. Yesterday - Matt Monro
4. The Rolling Stone 4. Juanita Banana- The Peels
5.
San Remo – vários 5. Quero que vá tudo para o
inferno
Outras músicas do ano:
“Arrastão”
“Samba da Bênção”
“Carcará”
“Das Rosas”
“Minha Namorada” - Os Cariocas
“O Neguinho e a Senhorita” - Noite Ilustrada
“Pau de Arara”
“Pedro Pedreiro”
“Preciso Aprender a Ser Só”
“Quero que vá tudo para o inferno”
“Samba de Verão”
“Trem das onze” - Demônios da Garoa
“Acender as Velas”
“Festa de Arromba”
“Festa do Bolinha”
“Gatinha Manhosa”
“Gatinha Moderna” a da calça Lee
“Joga a chave, meu amor”
“Malvadeza Durão”
“Mascarada”
“Mexericos da Candinha”
“Não quero ver você triste”
“Parei Olhei”
"Pequena Marcha para um grande amor"
“Primavera”
“Reza”
“Sentimental Demais”
- Altemar Dutra
“Terra de Ninguém”
“Upa Neguinho na Estrada” - Elis Regina
“Vinícuius e Caymi no Zum Zum”
“Amore Scusami”
“A casa de Irene”
“Eigth Days
a Week”
“A
Hard Days Nigth”
“Help!”
“Io che
non vivo senza te”
“Ma vie”
“Que cest Triste Venise” – Aznavour.
“Red Roses for a Blue
Lady” - (trilha sonora de
"Vício Maldito" Jack Lemmon)
“Sabor
a mi”
“Se
piangi se ridi”
(“A canção no tempo”: 85 anos de músicas brasileiras”,
vol.2:1958-1985/Jairo Severiano e Zuza de Melo- Editora 34.1998-SP.)
“Zorba o grego” - (trilha sonora) Anthony Quinn
“Unforgetbble” - Nat King Cole. Música muito tocada. Ano de
sua morte.
“Stop! In
the name of love” - Diana Ross e Supremes
Beatles
Rolling
Stones
Bob Dylan
Rolling
Stones com (I Cant't Get No) Satisfaction
19 de maio. Quarta-feira. 1965: estréia
o Fino da Bossa. TV Record.
Apresentado por Elis Regina e Jair Rodrigues.
16 de agosto. Segunda-feira. 1965:
"Estréia show da juventude”. Roberto
Carlos, um dos cantores da juventude de maior sucesso, vai comandar a partir de
setembro, no teatro Record, um novo musical intitulado Jovem Guarda, cujo
mandamento primeiro é tocar as músicas da juventude atual, muito rock e twist e
hully-gully.
Os Yarbirds,
grupo de rock inglês, substitui seu guitarrista. Sai Eric Clapton e entra Jeff
Beck. Um ano depois, quando Beck formou seu grupo com Rod Stewart nos vocais,
os Yarbirds teriam Jimme Page, que formaria o Led Zeppelin.
Bob Dylan aparece pela
primeira vez nas paradas de pop music. Subterramean Homesick Blues.
Os Rolling
Stones com ( I Cant't Get No) Satisfaction.
23 de julho. O LP
“Help”, dos Beatles, é lançado na
Inglaterra. O mundo vivia a beatlemania.
(News Seller o jornal).
Eventos:
01/10/65.
Realizado no Cine Santo André o espetáculo musical Linha de Frente, com música
brasileira e a presença, entre outros, do Jongo Trio.
Cine Tangará...
Show. Bossa Nova.
No saguão,
poltrona circular, sala de espera.
Toilette,
bomboniére.
Claudete Soares
(1 metro de altura).
Grande atração
Elis Regina.
Drops de uísque.
Abertura Zimbo
Trio. Garota de Ipanema.
Ary Toledo
cantando ....
Elis se apresenta
no final, totalmente bêbada.
"Jornal
Brasiliense. Agosto de 1965. O jornal divulgava as notícias do Instituto
Américo Brasiliense e tinha como editores os professores Clestenes de Oliveira
e Carlos Galante. Segue a notícia destacada pelo professor Galante: In Extasis
- Aproveitando o facultativo do dia 19, os alunos Michel Wagapoff e Michel
Ivanov organizaram um show de poesia e música com esse sugestivo título. A
parte poética esteve a cargo de (sic) LIBERDADE, e de Eduardo Santos Lima e
Michel Ivanov, que interpretaram versos de Olavo Bilac, Manuel Bandeira e
Camões. Da parte musical encarregou-se o conjunto Os Bossa Quatro, composto de
Arnaldo (contrabaixo), Maurício (flauta), Vitinho (bateria), Rogério (violão) e
Clóvis (piano). Como crooner funcionou o Paulo do curso noturno. A apresentação
dos números esteve a cargo de Diva F. Aquino e a renda reverteu em benefício da
comissão da formatura do clássico."
(News Seller o jornal).
Escola
Duque de Caxias.
Diretor:
Professor LA PATE.
De
sala, em sala, apresentava uma foto dos Beatles. Beatles os cabeludos, coisa
que veio da Inglaterra mau exemplo. Cab4elos...
Foto:
SALTANDO NO AR SOBRE PEDREGULHOS.
Trechos dos
depoimentos:
(ELES)
Eu ia falar dos Beatles também. Outro dia
estava ouvindo rádio, de repente esbarrei numa música, PQP!, me deu uma vontade
de chorar.
Beatles, Juca Chaves, Ray Coniff,
Bossa Nova, Jovem Guarda, Nat King Cole, Italianas
(Pepino Di Capri, Sergio Endrigo,
Pino Donagio, Nico Fidenco e outros).
Samba
707, não sei se era da época, a gente ouvia alí na sua varanda. Era
um LP, vinil. Aqui é o seguinte; Rádio Eldorado. Música era na Rádio
Eldorado.....o Barquinho, Edu Lobo....música era isso aí.
Trini Lopes. Naquela época imperavam os
Beatles. O Sabiá (irmão do Eraldo) que era extravagante...outro dia eu lembrei
prá êle, agora não estou lembrado. Tinha um disco com um cara que tocava
piston...
Porra, só tocava isso. Só ele fazia este
gosto avançado. Até hoje ele é enjoado, cheio de trik tricks. Ele disse que
fazia o mesmo som com o nariz ( risadas).
Tinha o Ray Charles, o Ray Conniff, Bob
Dylan. Nessa época tinha muita orquestra. Tinha muito metal, era tudo puxado
pelos EUA. Eram eles que mandavam.
Beatles, a gente gostava prá cacete. A foto
tem cara deles, até o modo de vestir. Influência direta.
A gente ficava nessa esquina meio perdido,
queria coisa maior. A gente ficava lá xingando, terra de merda, terra de merda
puta...Sexta à noite com essa idade, sabadão, duros, crianças, o único carro
disponível era esse[foto], ninguém tinha carro porra, só os dos pais. Aí então
dava... a gente queria crescer, daí a origem da minha melancolia. Não quero
fantasiar, os Domingos a tarde eram terríveis. De repente sumia todo mundo, iam
assistir Jovem Guarda. Imagine em Santo André que coisa mais monótona.
O que eu quero transmitir é a emoção do
momento que está junto com as fotos. Não adianta, a música não precisava ser
“Arrastão”, tão bonita, poderia ser qualquer outra, o que importa é a
misturação do momento. Todo dia é um perfume sonoro... é isso que girava na
época. Noel Rosa, Dorival Caymmi "E das "Rosas"".
Inclusive as músicas de nossa época, era a
melhor que o Brasil produziu até hoje. Todos foram formados, todos. O Eraldo
que era mais criança, talvez não tivesse conhecido um Sergio Ricardo direito.
Nem o Pinga com aquele nervosismo embutido. É uma riqueza e uma sorte termos
nascido nessa geração. Lembra rádio: a radio Eldorado AM, parada de sucessos em
1º lugar... Você viu uma parada de sucessos desse nível. AM né, não existia FM.
Beatles conhecemos tudo em AM, tocava nos radinhos vagabundos desses carros.
[tom de voz modificado/agressiva). Não
tinha nem cinto de segurança (risos).
Juca Chaves, Carlos Lyra, Geraldo Vandré, e
nossa intuição.
Eu lembro de passeatas na Oliveira Lima
...eu vou falar só de mim, mas não era só eu que falava isso. Ali na padaria
Central bem na virada do largo da Estátua, vinha aquela passeata, estudantes
engajados, o caralho, e aquilo me dava uma preguiça gigantesca. Eu ouvi alguém
falar assim: porra esses caras estão falando contra o imperialismo norte
americano e todo mundo usando calça Lee! Eu gostei disso por que me livrava de
ter que me envolver com essa merda. Eu ficava na música, no espírito, sabia
tudo que estava acontecendo, tudo, tudo, mas eu era esse cara da baqueta.
Preferia ouvir o Geraldo Vandré, mas eu não ia na passeata por que usavam calça
Lee. Vagabundos, poderíamos ter feito coisa melhor. Mas também não ia dar em porra
nenhuma ( hun!hun!hun!).
Eu estava presente, não era um
inconsciente, nenhum de nós era, nenhum! Era impossível não ser. Impossível não
ser. Nós ouvíamos música, ás vezes eu fui descobrir depois o sentido delas, por
exemplo “Acender as Velas” (cantando), ouvíamos as melhores músicas que esse
país já produziu, músicas engajadíssimas. ...Chico Buarque. O Chico quando
surgiu era suave. A gente já vinha seguindo de perto a música com o Geraldo
Vandré. “Que sol quente que tristeza” (cantando).
Imaginando que era um Domingo. A música que eu
odiava era a da "Jovem Guarda". Prá mim era a música italiana, Gino
Paoli, Charles Asnavour da França, isso prá falar de estrangeiras. Os
americanos, puta aquele monte.
Gianni Morandi, Beatles, uma coisa
assombrosa não há música dos Beatles que eu não conheça. Geraldo Vandré, Edu
Lobo olha que mistura, Wilson Simonal no 1º e 2º disco — lindo... Juca Chaves,
Moacyr Franco. Eu fui o único da turma que teve coragem de assumir que gostava
do Moacyr, junto com o Pergola que é o mais romântico de todos. O Pergola tem
até hoje discos do Moacyr Franco. Quer saber tem músicas naqueles discos que
eram do Braguinha, João de Barros, Rosas e Andorinhas, eu canto até hoje em
festas. “Oh! Minha rosa andorinha” (cantarolando). É a música do mesmo autor
das Pastorinhas.
Então é uma misturança de música, então
agora, Roy Orbson, Paul Anka, Neil Sedaka, meu Deus! Marcos Vale estava
começando, quanta coisa.
Quer que eu seja exato nesse momento, 1965.
Não consigo. O auge da música italiana, Sergio Endrigo, puta que riqueza de
material.
A primeira vez que ouvimos Yesterday foi
com Mat Monroe gravado em um compacto simples. Todos nós aqui, pelo menos em
Santo André, ou na nossa turma, nesse universo, a primeira vez que ouvimos
Yesterday de Lenonn e Macartney foi com o Sr. Mat Monroe. A Nancy viajou para o
Paraguai com a família e lá comprou um disco chamado Help-Paraguaio. O Help que
havia sido lançado aqui era diferente, lá tinha Yesterday. Lembro que quando
ela voltou, me telefonou e disse: Celsinho eu ouvi Yesterday com os Beatles.
Ela já conhecia por causa do Mat Monroe.
Disse: estou ouvindo com o Macartney, parece que eu estou com você a meu
lado..., imagine como as meninas se derretiam, ele gravou esse disco [Mat
Monroe] e nunca mais se ouviu falar. Vamos ligar prá esse cara, ele vai ter um
ataque de alegria.
A música “Eu quero que vá tudo para o
inferno” era tocada nos salões de carnaval, foi cantada como marcha de
carnaval, um puta sucesso. Cantada pelo Roberto Carlos é muito gostosa. A
música é como perfume que transporta, na época eu odiava o Roberto, eu tinha
essa carga...como vocês todos, foi um bom cantor, eu cantava isso no baile de
carnaval do Panelinha.
Da Mangueira, isso ainda gosto, da bateria
da Mangueira e só. Não posso ver nem confete, serpentina, é um pé no saco. Mas
eu gosto da Mangueira pela batucada, só. Pra mim só precisava ter isso e mais
nada.
Eu queria falar sobre música,
"atenção estou respondendo", mané, porque a música prá mim nunca foi
só um prazer auditivo, é como um perfume da vida, você gostando ou não. Quando
se fala... O que fica da música prá mim é o ambiente, é como o clima, o
Malboro, a Vodka, não é só música.
“Tema de Lara”
[Sapo cantarolando], o que me lembra daquele filme, é aquela cena quando enterram
a mãe dele. O menino olha para o céu e chora. Cena bonita. Ele vai ao enterro o
menininho... Começa dar aquela mudança. Tempestade, olhar infantil. Isso, marca
o filme Dr. Jivago. Aliás um filme de merda! Essa cena foi forte.
Teve um bailinho
em que foi o aniversário do Eraldo ou Enderson, eu não sei. Na época o sucesso
era Dean Martin cantando Somebody Loves You (os dois cantando). Fantástico o
Dean Martin, eu não lembro de uma passagem específica.
Aproveitando para
falar do Aramaçã, os barcos, a piscina que era ali do lado, lembro de um dado
musical, eu lembro de estar indo para o vestiário que era à esquerda de quem
entrava. A gente entrava no Aramaçã, passava beirando pela piscina e à esquerda
ia ao vestiário e depois voltava tudo e ia pro lago. Nesse caminho fui ouvindo
o Wilson Simonal, em seu primeiro LP que era o “Balança tudo prá andar”
(cantando), chamava-se “Wilson Simonal uma nova dimensão do Samba”, assim se
chamava esse LP, tocava a música “Rapaz de bem”. Eu lembro de estar ouvindo isso
no rádio, isso seriam os meus primeiros contatos com ele, mas ele cairia em
desgraça para mim num show de televisão, naquele programa do Simonal, que
o Ronaldo veio me dizendo que ele havia
entortado o Lúcio Alves cantando “Teresa da Praia”.
“Teresa da
Praia”. Então vamos à Teresa da praia deixar... do sol. Teresa da praia...
[cantando]. O Simonal fez todos aqueles efeitos dele.
Uma entortada
(falando com ênfase) como se fosse um jogador de futebol, isso prá mim marca o
fim do Simonal como representante daquela...
A gente era muito
hermético né Sidão? Esse foi um dos grandes defeitos em música, hermético
demais, pouco tolerantes mesmo com gente boa, não se tolerava... entende? Esse
é um problema que depois foi para a política.
O Wilson Simonal
já tinha uma forma de cantar samba
diferente, ele tinha um puta balanço, uma bossa...
Os dois primeiros LPs eram suportáveis, aí exagerou
começou a malandragem, a florear, ele era um contratado da Odeon, “A Nova dimensão do Samba” é da Odeon.
Tô falando dessa
visão hermética na música, essa visão hermética da música negócio da Bossa
Nova, a gente era intransigente. Não aceitava o Wilson Simonal de volta,
entende? Se alguém exagerasse num trejeito a mais, cortava fora, e isso
acabou passando-se para outras coisas.
E
não dava prá aceitar, não se aceitava inclusive uma... Apesar de se dizer que a
Bossa Nova tem tudo a ver com o jazz, com sua origem no jazz, com batida
semelhante, se algum cantor brasileiro fizesse como o Wilson Simonal: “então
ora... vamos zimbora”, era criticado por ser americanizado.
O Dick Farney prá
nós uma figura que até gostávamos, americanizado, isso tudo levava à
literatura. A gente era pobre em literatura
Uma foi feita para o pai do Pergola pelo
Sapo: Tinha duas partes.
“Era azul marinho. O terno do meu amiguinho,
no batizado eu abafei. Com o meu terno...” agora eu não lembro.
Tinha o terno azul marinho, tinha
“brim coringa” [sapo e dago] (risadas).
O Salim sabe mais isso daí (risos).
Com o sotaque do pai do
Pergóla.
Era aquela música americana.
“Blue Velvet”.
“Era azul marinho. O terno que eu mandei
fazer”.
E a música que nós fizemos pro Sidão
[paródia de “Gente Humilde”-1970].
“quando anoitece o Sidão da Vila desce, e se
dirige para a esquina onde há um bar. A Dona Tosca gentilmente prepara um
pastelzinho, e uma Brahma bem gelada prá agradar. Aí o Teixeira lhe dá um
sorriso bem contente, cuja boca não há dente em nenhum lugar”.
mas eu sabia diferente...”e o Teixeira dá um
sorriso bem contente”...
E é mais ou menos nessa época que
começa a Bossa
Nova[I2] , chegando no seu auge. E aí as identidades musicais, eu, você, Celsinho, o Dago, o Sabugo um
pouco, pessoas que ficaram... O Sabugo pelo amor de Deus.
Sabugo muito com Pery Ribeiro. Tinha também a
onda da música italiana.
Que é simultânea.
Nesse caminho fui ouvindo o Wilson
Simonal, em seu primeiro LP que era o “Balança tudo prá andar” (cantando),
chamava-se “Wilson Simonal uma nova dimensão do Samba”, assim se chamava esse
LP, tocava a música “Rapaz de bem”. Eu lembro de estar ouvindo isso no rádio,
isso seriam os meus primeiros contatos com ele, mas ele cairia em desgraça para
mim num show de televisão, naquele programa do Simonal, que o Ronaldo veio me dizendo que ele havia
entortado o Lúcio Alves cantando “Teresa da Praia”.
“Teresa da Praia”. Então vamos à
Teresa da praia deixar... do sol. Teresa da praia... [cantando]. O Simonal fez
todos aqueles efeitos dele.
Uma entortada (falando com ênfase)
como se fosse um jogador de futebol, isso prá mim marca o fim do Simonal como
representante daquela...
A gente era muito hermético né Sidão? Esse foi um dos grandes defeitos em
música, hermético demais, pouco tolerantes [I3] mesmo com gente boa, não se tolerava... entende? Esse é um
problema que depois foi para a política[I4] .
O Wilson Simonal já tinha uma forma de cantar samba diferente, ele tinha um
puta balanço, uma bossa...
Os dois primeiros LPs eram
suportáveis, aí exagerou começou a malandragem, a florear, ele era um
contratado da Odeon, “A Nova dimensão do
Samba” é da Odeon.
Tô falando dessa visão hermética na
música, essa visão hermética da música negócio da Bossa Nova, a gente era
intransigente. Não aceitava o Wilson Simonal de volta, entende? Se
alguém exagerasse num trejeito a mais, cortava fora, e isso acabou passando-se para outras coisas.
E não dava prá aceitar, não se aceitava
inclusive uma... Apesar de se dizer que a Bossa Nova tem tudo a ver com o jazz,
com sua origem no jazz, com batida semelhante, se algum cantor brasileiro
fizesse como o Wilson Simonal: “então ora... vamos zimbora”, era criticado por ser americanizado[I5] .
Gostaria de saber se nesses
depoimentos, você tem alguma coisa do episódio do envolvimento do Pinga com a
Carcará.
Ah! Robertinho e Carcará! (cantando),
[paródia de “Terra de Ninguém”].
Fizemos a letra. Já esquecemos muita
coisa..., era uma musica do Marcos e Sergio Valle.
Um dia vai chegar (cantando).
Ah! mas um dia vai de chegar!
(cantando). A Ellis Regina berrava.
Que a turma vai saber (cantando).
Não se mete sem casar (cantando em uníssimo).
O Robertinho, perdido se fudeu.
Quis comer a Carcará... (risadas).
Carcará, e agora com ela vai casar.
Aah! É Robertinho e Carcará (cantando
em duo).
(Elas)
Você falou de música, agora me veio
uma música que sempre tocava nos bailinhos[I6] , que era...eu amava, até hoje eu ouço, que era: “O Capito que ti
amo”lembra?
Isso foi uma marca mesmo. Nós
adorávamos música italiana, era musica romântica, e como tímida eu era
romântica.[barulho infernal no bar]
A Ângela, se lembra dela? Lembra da
Suely?
Eu, a Nazareth, Ângela, e Suely éramos
os quatros Beatles; na época cortamos os cabelos iguaizinhos o deles, lembra do
corte tigela? Aí ensaiávamos, a nossa banda ia naquela garagem que ficava nos
fundos da casa do Pinga [ Roberto Luiz Moreira], a Dona Morena mãe dele era muito minha amiga,
eu era uma menina muito querida.
A casa de minha mãe vivia cheia. As festas iam
até as tantas, até de manhã se fosse o caso. Tocava numa vitrolinha[I7] : “Dio como te amo” (cantando).”Dio Como ti amo”. Era uma delícia.
(risos).
***
Roberto Carlos...
“Quero
que tudo vá para o inferno”, foi uma das musicas que mais marcou. Chico Buarque
de Holanda com a “Banda” (voz alta), “Disparada” do Geraldo Vandré.
Eram os
festivais que tinham...
Nossa cada musica linda que tinha.
Ai
vinha os Beatles.
Eu
amava os Bee Gees, era o que eu mais gostava, até mais que dos Beatles. Me
lembro das músicas italianas, Nico Fidenco, Sergio Endrigo, Pepino di Capri e
também do Jhony Mathis.
Época
boa. Meu filho fala assim: naquele tempo música... Eu falo são eternas, foi uma
época única. Porque eu não vejo assim atualmente entre os novos cantores e
compositores.
Não surgiu nada no Brasil e nem lá fora.
É muito
barulho, não tem mais aquela... Não tem mais romantismo, e também aquele lado social,
político [I9] né? Eram músicas inteligentes.
Tinha o
Tom Jobin, o Carlinhos Lira, nossa era muito bonita, Caetano Veloso (ênfase),
Gilberto Gil uma turma.
Edu Lobo.
Nossa
lembra dos festivais, c[I10] omo aqueles nunca mais. Qualidade de
música também não teve (barulho da xícara com café).
***
Sergio Endrigo.
Ray
Coniff. “Os sete homens de ouro”.
“Metais
em Brasa” (turunrunrun) você entrava na casa dela, tinha twist.
Coisas
modernas que começavam a chegar: o twist o hully gully.
Eu escutava muito as músicas que vocês ouviam.
Era a Nara Leão.
Você tinha uns do Juca Chaves, era bolachão,
LPs de Bossa Nova.
Tinha
muita musica italiana. A gente ouvia muito na casa da Tuta, talvez os discos
fossem do Mandinho
Sergio
Endrigo. Nico Fidenco.
Sabe o
que eu lembro: não sei se é fato ou se é boato. Naquela época, se passava muito
trote de telefone.
Eu lembro do Sabugo, passando um trote para [I11] a radio...pedindo para ouvir o
Barquinho com Pery Ribeiro. Porque era assim, fora do ar, quando você ligava, o
cara da radio falava: tenho ou não tenho. Quando não tinha: você escolhe outra.
Quando entrava no ar, a partir do combinado: que musica você vai escolher, a
gente falava nas já combinadas antes.
Ai eu lembro dessa historia, que ele ligou
para a radio ABC ou Santo André, sei lá.
O cara atendeu. Fora do ar ele disse que
queria escutar o barquinho com o Pery Ribeiro. Ai o cara falou que tinha a
gravação com o João Gilberto.
No ar repetiu a pergunta que musica você quer
ouvir? O Sabugo disse: o “Barquinho” com o Pery Ribeiro (risadas).
Nico
Fidenco, Roberto Carlos. “Calhambeque”, “O Gato”.
Roberto
Carlos.
Nossa!
Domingo era o Roberto Carlos.
***
Nossa,Roberto Carlos. A gente tinha já uns 13
anos, quando começou a Jovem Guarda, uns 12, 13 anos quando começou a Jovem
Guarda. Antes nos bailinhos era Ray Connif, depois Rita Pavone, musicas
Italianas, depois foi que entrou o Roberto Carlos com a Jovem Guarda.Era
domingo? Vamos ouvir Roberto Carlos, eu assistia na minha casa.
Nos bailes a gente dançava com orquestras,
isso me deixou muitas saudades, os bailes de orquestras. Aí começaram a entrar
os conjuntos eletrônicos. Aí começa o Hully [I12] Gully, o Rock, o Twist.
Falar de música:.
Envolve
todo o cotidiano dessa turma.
Rádio de pilha.
Rádio dos carros.
Vitrolas em casas.
Cantorias individuais. Memorização. Política. Resistência
etc.
.
O gosto musical não era unânime.
Os LPs.
Ouvia-se muito rádio, principalmente nos rádios
dos carros.
Jovem Guarda: Odiada e amada
As paródias surgiam
Bossa nova
Não se ouvia na rádio eldorado roberto carlos
Contra alienação
Para dançar
Beatles
Vitrola
Movimentos musicais
Dimensão politica
Festivais embalavam
ritmos
EXISTE RASOÁVEL LITERATURA.
Dançar.
PS: era
isso que girava para esse grupo de adolescentes. Rádio era na faixa AM, FM só
se ouvia na rádio Eldorado São Paulo, e a programação era feita com músicas
clássicas, ligeiras ou suaves, eram músicas de meio ambiente, tocadas em
empresas e bancos. Poucas pessoas possuíam um aparelho de som que permitisse
ouvi-las.
A rádio
Eldorado AM transmitia o “turfe”; “Piano ao cair da tarde”, na sua programação
normal intercalava: uma música popular brasileira (bossa nova), uma americana e
uma italiana ou francesa. Dá vontade de ouvir: “Chega de saudades”, seguida de
“Yesterday”, “Roberta” e “Et Maintenant”, depois um Tamba Trio ou Cariocas.
Capitulou, era resistente, quando tocou um Roberto Carlos. Nem a Ellis com Jair
Rodrigues era permitido.
Nara
Leão trazendo o samba do Morro. Carlos Lyra que “unia o pensamento e a ação”.
João Gilberto que amansou o samba na varanda da casa do Cheu. As modinhas do
Juca Chaves. Os festivais com Caetano, a fina estampa que acabou de enterrar a
bossa nova naquela década.
Sidnei (sidão)
sauerbronn.
Borandá!
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